quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Síndrome do Overtraining: o mal do excesso de treinamento

Cansaço, desânimo, resfriados constantes, irritação, insônia, falta de apetite, lesões constantes, entre outros sintomas que surgem quando você está em processo de treinamento podem significar algo mais grave: a síndrome do overtraining é um conjunto de 3 ou mais dos sintomas descritos e é mais comum do que se pensa, pois não está restrita apenas a atletas de alto rendimento, mas também atletas amadores e até mesmo usuários de academias. 

Mas o que é a Síndrome do Overtraining?

Essa Síndrome é uma condição complexa do organismo, caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, em resposta a um planejamento inadequado do treinamento esportivo ou prática constante de exercícios físicos.


Caracterização 

síndrome do overtraining ocorre por uma disfunção do eixo hipotálamo-hipófise devido a um estresse repetitivo de natureza física ou psicológica, o que contribui para uma desordem neuroendócrina, fator principal de sua patogênese. Essa síndrome é normalmente acarretada por grandes volumes e ou altas intensidades sem um período de recuperação adequado. Um exemplo desse desequilíbrio está no uso inadequado de intervalos, não ocorrendo uma sinergia ideal entre a recuperação dos batimentos cardíacos e o início dos tiros.

Sintomas

Fatores referentes ao treinamento e também por fatores da rotina comum como o estresse podem desencadear a síndrome, sendo o principal sintoma do overtraining a queda do desempenho que pode persistir até após um período de treinamento leve e de descanso total. Normalmente o indivíduo afetado por esse processo encontra uma grande estagnação física e posteriormente mental.

Desconfie se apresentar simultaneamente alguns dos sintomas abaixo: 
  •  fadiga crônica generalizada
  • distúrbios do humor
  • confusão mental e depressão
  • aumento do índice de enfermidades e lesão 
  • perda do apetite
  • aumento da freqüência cardíaca de repouso
  • infecções e gripes
  • distúrbios do sono
  • desinteresse pelo treinamento 
  • perda de peso
  • pressão arterial elevada
  • distúrbios gatrointestinais
  • dificuldade na recuperação dos estímulos
Ressalto que o diagnóstico do overtraining é muito complicado, ainda não existindo nenhum critério exato. Geralmente os médicos e treinadores tendem a buscar outras doenças antes que a confirmação seja feita. Apesar do overtrainning ter sido descoberto na década de 1970, muitos aspectos específicos ainda não estão claros patologicamente e fisiologicamente, dessa forma são encontradas inúmeras situações com diferentes sintomas. 

Fatores causadores e agravantes da síndrome 

Muitos acreditam que a intensidade do treinamento seja a principal causa do overtraining, porém muitas pesquisas têm demonstrado que o aumento do volume (quantidade) é mais propício a trazer resultados negativos . Em 2003, Simões e colaboradores realizaram a análise do comportamento dos hormônios testosterona e cortisol e a sua relação com o volume e a intensidade do treinamento de corredores velocistas e fundistas, comparando a razão testosterona/cortisol antes e depois de um mesociclo de treinamento eles descobriram que: 

- Fundistas com treinamento de maior volume apresentavam maior incidência de queda na razão testosterona/cortisol;
- Velocistas que realizaram treinamentos de menor volume e maior intensidade demonstraram menor incidência de queda na razão testosterona/cortisol.

Os pesquisadores concluíram que a razão testosterona/cortisol é mais influenciada negativamente pelo volume do que pela intensidade do treinamento.

A mensuração periódica das taxas de hormônios esteróides como testosterona (anabólico) e cortisol (catabólico) são freqüentemente analisadas com o objetivo de indicar se o treinamento está induzindo ou não a uma resposta adaptativa. Uma a queda maior que 30% nos valores de repouso pode significar uma incompleta recuperação dos estímulos impostos, indicando uma possível predisposição a overtraining.

Paralelo aos sintomas fisiológicos, alguns aspectos psicossociais agravam o desenvolvimento da síndrome de overtrainning, como conflitos com treinadores e colegas, medo de competições, noites de sono ruins, relacionamentos familiares e sociais e ocupações problemáticas do dia a dia.



Tratando a Síndrome

Apurado o diagnóstico, o mais importante a se fazer é:

- Interromper o todo o treinamento ou prática de atividade física, durante um período que pode durar de semanas a meses.
- Ingerir alimentos de alto valor nutritivo e uso de suplementos vitamínicos.

Previna-se

- Respeite o descanso. Acredite, ele faz parte do treino e é tão importante quanto ele.
- Se possível, faça um hemograma completo (anemias também podem provocar cansaços constantes, assim como altas taxas de LDL, ou o chamado colesterol ruim no sangue) e verifique suas taxas de cortisol e testosterona (homens).
- Sempre comunique a seu treinador sobre como está se sentindo: no geral, algumas fases da preparação exigem mais do atleta, portanto, torna-se natural se sentir mais cansado em uma semana específica. Mas se o cansaço persistir e você (ou seu treinador) observar piora no rendimento entre outros fatores associados ao overtraining , fique atento.
- Não faça nada além do que está na planilha. Acredite no trabalho de seu treinador. Se não o tem, procure um profissional qualificado, que realmente entenda do esporte que você pratica.

IMPORTANTE

Ressalta-se que é inquestionável que a homeostase fisiológica necessita ser “quebrada” quando se fala em evolução do treinamento e alcance dos objetivos ao qual esse se destina. Entretanto, um descanso adequado deve ser oferecido com objetivo de favorecer a completa recuperação e conseqüentemente uma melhora na performance. Por isso que reconhecer o estágio em que o anabolismo supera o catabolismo favorecendo as adaptações fisiológicas e saber reconhecer o momento exato ideal da supercompensação é muito importante. 









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